Sou eu quem caminha nos teus campos de mochila carregada de sonhos, passos descalços, olhos de savana e sorriso de barro. Se és mãe, desconheço-te como filho. Mas se bastar o meu cheiro, África, deixa-me recostar nas tuas costas lambidas pelo mar salgado como as lágrimas dos irmãos deportados para campos de café. Deixa-me também ser mar e lamber-te as feridas que tardam em partir. Deixa-me ser a brisa que raspa o barro do capim molhado e o sangue negro dos braços enlutados. Deixa-me ser cor, contraste e tela. Deixa-me ser África.
pedrobala
Lembrei a cor, o cheiro de capim e os olhos do sonho de ser África com verdade!
excelente prosa poética!
Gostei de descobrir “palavras resistentes”!
Abraço