África

Sou eu quem caminha nos teus campos de mochila carregada de sonhos, passos descalços, olhos de savana e sorriso de barro. Se és mãe, desconheço-te como filho. Mas se bastar o meu cheiro, África, deixa-me recostar nas tuas costas lambidas pelo mar salgado como as lágrimas dos irmãos deportados para campos de café. Deixa-me também ser mar e lamber-te as feridas que tardam em partir. Deixa-me ser a brisa que raspa o barro do capim molhado e o sangue negro dos braços enlutados. Deixa-me ser cor, contraste e tela. Deixa-me ser África.

pedrobala

1 Comentário

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1 responses to “África

  1. Lembrei a cor, o cheiro de capim e os olhos do sonho de ser África com verdade!

    excelente prosa poética!

    Gostei de descobrir “palavras resistentes”!

    Abraço

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