Deleitava-se graciosamente sob as luzes trémulas do cais e açambarcava o imaginário das velas dos barcos maravilhado com os fogo-fátuos. Podia ser tudo, até um marinheiro de barba rija, desgrenhado e desencontrado. Ele mesmo.
Recordava-se do tempo em que o mundo girava em sentido contrário a uma velocidade alucinante. Os dias sucediam-se ao ritmo de piscar de olhos e ele, sentado, admirava cada pôr-do-sol com o mesmo brilho com que engolia cada nascer-do-sol. Lá fora os cabelos esvoaçavam e ninguém se preocupava com o tempo.
(Escrito em 2004)
pedrobala
Lembro-me sempre de uma frase do Corto Maltese:
“C’est parce que tu ressemble a persone que j’aurais voulu te rencontré toujours, n’importe où. “